Publicado em: 03/03/2022
Concurso de Produção Textual 2022: Conheça os vencedores do 7º ano na categoria "Conto"
Consurso tem intuito de motivar estudantes do 7º ano a desenvolver ainda mais a escrita

Depois do grande sucesso do I Concurso de Crônicas do 7º Ano, em 2021, os concursos internos de redação ganharam mais força no Colégio Sagrado Coração de Maria de Brasília. Para 2022, sob o comando da professora Brenda Valadão, os alunos irão produzir a cada Trimestre, no mínimo, quatro redações, considerando os gêneros textuais em estudo.

Assim, com o intuito de motivá-los ainda mais a desenvolver a escrita, os trabalhos rotineiros do trimestre passam a, automaticamente, concorrer ao Concurso Interno de Produção Textual do CSCM. De acordo com a professora e idealizadora do projeto, a escolha nem sempre é fácil. “O principal critério usado é o enredo propriamente dito, ou seja, a construção e o desenvolvimento da história; mas, quando há empate, o critério de desempate é a produção mais bem redigida, considerando a micro e a macroestrutura.”, explica a educadora. 

Com isso, afirma Brenda, é possível, ainda, que os estudantes conheçam as histórias dos colegas de sala, uma vez que não é sempre que essa troca é possível durante a rotina de aulas. O primeiro gênero textual proposto para as turmas de 7º Ano foi conto, inspirado no famoso conto “A orelha de Van Gogh”, de Moacyr Scliar.

A narrativa é sobre um comerciante que deve certa quantia a um “credo implacável”, contada pelo filho desse comerciante, que tinha apenas 12 anos de idade na época dos fatos. Depois de muito pensar em como sanar essa dívida, ele cria um plano mirabolante. O dono do armazém de secos e molhados decide pegar, num necrotério, a orelha de alguém e entregá-la ao credor, que ele acredita ser fã de Van Gogh. Em troca, teria sua dívida perdoada, mas não é isso o que acontece.

Os alunos, então, segundo a proposta textual, deveriam escrever esse conto com o narrador personagem sendo o próprio credor, aquele mesmo que recebeu, em sua casa, a visita de um cliente segurando um pote com uma orelha dentro. Qual deve ter sido a impressão do temido e insensível credor implacável?

Leia os dois contos, selecionados pela professora Brenda. Parabéns aos vencedores, que deram um show de criatividade.



Vencedores da 1ª Redação Avaliativa (Prova Parcial)

 

7º Ano A – Gustavo Rodrigues

A orelha de Van Gogh

Já se passavam dias que eu esperava receber o dinheiro que havia emprestado ao homem da lojinha.

─ Não devia ter confiado nele, mas fazer o quê? Pensava que era meu amigo. – Eu disse.

Eu mal consigo dormir à noite, só consigo pensar no dinheiro, só. O problema é que eu preciso do dinheiro, estava difícil me manter, depois que minha esposa morreu de câncer. Ela gostava muito de Van Gogh, as paredes da minha casa foram todas preenchidas pelas réplicas das obras do pintor.

Eu ainda guardo as pinturas para me lembrar de minha amada. É uma das poucas coisas que ainda tenho dela. De noite, vejo as pinturas e me lembro dos momentos que passamos juntos.

Hoje ouvi alguém batendo à porta, era o homem que me devia. Abro a porta e percebo que ele não veio com o dinheiro, mas com algo empacotado com um formato estranho. Perguntei o que era, e me respondeu que se tratava da orelha de Van Gogh.

─ Você está louco? Se não me der o dinheiro, vá embora! ─ Gritei.

Ele foi embora sem entender nada. Mas por que eu iria ficar com o membro de outra pessoa, e logo de uma pessoa que eu nem admiro tanto?

 

7º Ano B – Sophia Martins

A orelha de Van Gogh

Em um fatídico dia, fui cobrar um de meus devedores, o Cleberton. Ele já estava me devendo uma quantia relativamente grande fazia tempo, não podia deixar de cobrar. Cheguei àquela loja de 1,99 duvidosa que lhe pertencia e já começou aquela mesma conversa fiada de sempre:

─ Por enquanto, ainda não tenho o dinheiro, mas...

Antes que acabasse, eu tive que interromper, dizendo para ele procurar dentro de uma semana e me trazer algo. Deveria ter sido mais específico.

Uma manhã tranquila e com céu limpo, três dias depois daquele incômodo, estava eu lá, fazendo como faço todas as manhãs: ler recados que me mandaram e notícias sobre a inflação, desvalorização da moeda, crise econômica e diversos outros assuntos monetários. Fui ver no relógio e já era de tarde quando alguém bateu à porta. Era o Cleberton.

Sinceramente, achei que ele não viria mais e que teria que me dar o trabalho de ir até aquele fim de mundo. Mais uma surpresa foi o fato de que ele estava acompanhado de seu filho. Quem leva o filho para resolver esse tipo de problema? Fiquei perplexo, porém, mais ainda quando vi o que havia dentro do pote que eles trouxeram.

Naquele momento, senti como se uma tempestade de emoções estivesse alagando a minha alma, deixando-a transbordando de pensamentos e sensações. Ódio e alegria, nojo e empolgação, incerteza e animação, tudo isso me abrangeu de uma maneira tão diferente de tudo que já havia acontecido comigo. Ele trouxe, em um recipiente simples, algo único e peculiar, a orelha de Van Gogh.

 

Minha cabeça ficou lotada de dúvidas e indecisões. Por um momento, estive nas nuvens, mas a gravidade me puxou para meu corpo. Um corpo cansado e de mente pouco livre. Aquela orelha parecia ser a direita e a que o pintor pós-impressionista cortou foi a esquerda. Até passou pela minha cabeça vendê-la, mas aquele recipiente asqueroso e nojento me deu tanto nojo que, por reflexo, joguei pela janela. Que decepção.

 

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